No último artigo aqui do Blog AIMA, nós conversamos sobre as trombofilias. Falamos principalmente daquelas trombofilias que são hereditárias, ou seja, que “nascem” junto ao indivíduo, sendo determinadas por características genéticas que são passadas de geração a geração.
E hoje, vamos falar sobre mais uma delas, a SAAF. Continue lendo esse artigo para saber mais sobre o assunto!
A SAAF é uma trombofilia que é muito importante, mas que não nasce junto com a pessoa. Ela se desenvolve ao longo da vida e por isso é chamada “adquirida”.
O nome de SAAF é uma sigla que representa a “Síndrome do Anticorpo Anti-Fosfolípide” ou, também chamada, Síndrome Anti-Fosfolípide.
Essa síndrome é uma doença auto-imune que afeta a coagulação do sangue, podendo causar trombose nos vasos sanguíneos (artérias ou veias).
Essas tromboses podem se manifestar como complicações na gravidez, embolia pulmonar, trombose venosa profunda e até mesmo AVC (acidente vascular cerebral, popularmente conhecido como “derrame”).
Nessa doença, ocorre a produção anormal de anticorpos que agem contra as próprias proteínas do organismo, sendo chamados de “anticorpos anti-fosfolipídes”.
Esses anticorpos agem na coagulação do sangue, funcionando como um “gatilho” que dispara a formação do trombo (coágulo).
Eles podem ser detectados por meio de exames de sangue específicos.
Mas como a Síndrome Anti-Fosfolípide se manifesta na prática?
A SAAF pode se manifestar das seguintes maneiras:
- Um ou mais episódios de trombose (venosa ou arterial);
- Uma ou mais mortes fetais inexplicadas com pelo menos 10 semanas de gestação;
- Um ou mais partos prematuros de um neonato morfologicamente normal, antes da 34ª semana de gestação. A prematuridade deve ser secundária à eclampsia, pré-eclâmpsia severa ou insuficiência placentária;
- Três ou mais abortos espontâneos consecutivos inexplicados antes da 10ª semana de gestação. Devem ser excluídas as causas maternas anatômicas ou hormonais e também causas cromossômicas maternas e paternas.
E como é feito o diagnóstico da SAAF?
O diagnóstico é baseado nos resultados dos exames de sangue que são feitos para detectar os anticorpos anti-fosfolípides e no histórico clínico do paciente (se ele ou ela apresentou uma trombose ou complicação na gestação).
Os exames de sangue para pesquisa dos anticorpos anti-fosfolípides precisam ter resultado anormal (positivo) em 2 testes, feitos com pelo menos 12 semanas de intervalo entre eles.
A necessidade de se repetir os exames duas vezes se deve ao fato de que outros anticorpos transitórios, resultantes de uma infecção ou efeito de alguma medicação, poderem interferir no teste dos anticorpos anti-fosfolípides, resultando em um exame “falso”.
Então, se os anticorpos anti-fosfolípides forem detectados no primeiro teste, aí um outro será necessário para confirmar se os anticorpos ainda continuam presentes, entendeu?
Se há suspeita de SAAF, é indicada avaliação tanto com o médico hematologista quanto com o reumatologista.
O tratamento, em geral, é feito com anticoagulante, podendo ser acrescentadas outras medicações de acordo com o diagnóstico de outras doenças que podem estar associadas à SAAF, como o lúpus, por exemplo.
Por isso, é muito importante que o diagnóstico da SAAF seja preciso, pois a formação de trombos na circulação sanguínea pode ter sérias consequências.
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