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  • Foto do escritorEquipe Aima

Obesidade: uma doença crônica que merece cuidado e respeito

04 de março: Dia Mundial da Obesidade


A obesidade é uma doença crônica que representa um dos maiores problemas de saúde pública no mundo. No Brasil, de acordo com dados da Vigitel 2020, 57,5% da população adulta encontra-se com excesso de peso (sobrepeso ou obesidade) e 21,5% possui obesidade. De 2002 a 2019, a prevalência de obesidade na população brasileira adulta mais que dobrou, segundo dados da Pesquisa Nacional de Saúde, tanto em homens quanto em mulheres. Quadro semelhante também tem sido visto em vários outros países.


São consideradas portadoras de sobrepeso pessoas com IMC de 25 a 29,9 kg/m² e obesidade aquelas com IMC maior ou igual a 30 kg/m². Para calcular seu IMC, acesse o link a seguir:


Devido às limitações do IMC, principalmente por superestimar o grau de adiposidade em indivíduos musculosos e a subestimar em indivíduos sarcopênicos, é importante avaliar também a circunferência abdominal, que mensura a adiposidade central e fornece informações adicionais ao IMC. Uma circunferência abdominal maior que 102 cm em homens e maior que 88 cm em mulheres é considerada elevada e indica risco cardiometabólico aumentado.


A maioria dos casos de obesidade é relacionada ao estilo de vida, como sedentarismo e ingesta calórica excessiva. No entanto, causas secundárias, embora mais raras, devem ser consideradas e excluídas. São exemplos a síndrome de Cushing, o hipotireoidismo, as doenças hipotalâmicas e as síndromes genéticas. Deve-se também, sempre checar se há algum medicamento de uso contínuo que possa estar contribuindo para o ganho de peso.


A obesidade está relacionada a inúmeras comorbidades, muitas delas passíveis de serem melhoradas com a perda de peso, como hipertensão arterial, diabetes mellitus e dislipidemia. Há, também, associação com doenças coronarianas, insuficiência cardíaca, acidentes vasculares cerebrais, tromboembolismo, cânceres (mama, endométrio, colorretal, dentre outros), doenças osteomusculares (osteoartrite e gota, por exemplo), gastrointestinais (como esteatose hepática, esteatohepatite e colelitíase), apneia do sono, depressão e maior susceptibilidade a diversas infecções. Além disso, a obesidade aumenta a mortalidade por todas as causas e reduz de forma significativa a expectativa de vida.


Diante disso, é fundamental que os pacientes recebam acompanhamento médico, com o objetivo de prevenir, tratar e reverter as complicações da obesidade e, assim, melhorar sua qualidade de vida. Os benefícios para a saúde começam a aparecer com perdas a partir de 5% do peso corporal.

O tratamento começa com as mudanças do estilo de vida, que devem ser adotadas independentemente do IMC e incluem a adoção de hábitos alimentares saudáveis, a prática de exercícios físicos e mudanças comportamentais.


Em relação à dieta, há uma variedade delas que podem ser efetivas em reduzir a ingesta calórica e promover a perda de peso. Vale frisar que não existe uma dieta única que se adapte a todos os pacientes. Estudos mostram que, na maioria dos pacientes, a composição das dietas tem menos impacto na perda de peso que as taxas de adesão. É importante, portanto, que a escolha seja feita com base nas preferências de cada paciente, buscando a viabilidade de adesão a longo prazo.


A atividade física também é um importante aliado na perda de peso, além de ser um forte preditor na manutenção da perda de peso. Deve ser realizada por 30 minutos ou mais por dia, 5 a 7 vezes por semana, com aumentos graduais conforme tolerância. Um programa que inclua exercícios aeróbicos e de resistência é preferido. Condições médicas existentes, idade e preferências individuais devem ser levadas em consideração.


As mudanças comportamentais são o terceiro pilar do tratamento da obesidade e objetivam ajudar os pacientes manterem a longo prazo as mudanças adotadas. Incluem, por exemplo, auto-monitorização do peso, da dieta e da atividade física e controle de fatores ambientais que estimulam a ingesta alimentar inadequada ou excessiva.


Em pacientes selecionados, o tratamento medicamentoso, sempre associado às mudanças no estilo de vida, é um componente útil no tratamento dos pacientes com obesidade. Deve ser considerado quando a perda de peso de pelo menos 5% não for atingida em 3 a 6 meses somente com mudanças de estilo de vida, para aqueles pacientes com IMC acima de 30 kg/m2 ou de 27 a 29,9 kg/m2 quando há comorbidades associadas ao excesso de peso. A decisão de iniciar o tratamento medicamentoso deve ser individualizada e feita com base em uma avaliação cuidadosa dos riscos e benefícios de cada medicamento.


A cirurgia bariátrica é uma opção para os pacientes adolescentes e adultos com IMC maior ou igual a 40 kg/m2, ou IMC entre 35 e 39,9 kg/m2 com pelo menos uma comorbidade associada ao excesso de peso, que não conseguiram perder peso com dieta, atividade física e tratamento medicamentoso, desde que não haja contraindicações ao procedimento cirúrgico. É indispensável uma avaliação multidisciplinar pré operatória cuidadosa, visando preparar o paciente para o procedimento e estimular mudanças de estilo de vida que serão essenciais para o sucesso do tratamento a longo prazo.


A obesidade, tendo em vista sua elevada prevalência e suas repercussões importantes tanto para a saúde quanto para a qualidade de vida, precisa ser encarada com seriedade, sem estigmas e com respeito às particularidades de cada paciente. Para isso, é fundamental o acompanhamento por médico habilitado, sendo a Endocrinologia e Metabologia a especialidade médica responsável pelo manejo da doença.

Referências:


1. BRASIL. Ministério da Saúde. Vigitel Brasil 2020: vigilância de fatores de risco e

proteção para doenças crônicas por inquérito telefônico: estimativas sobre frequência e distribuição sociodemográfca de fatores de risco e proteção para doenças crônicas nas capitais dos 26 estados brasileiros e no Distrito Federal em 2020. E-book. Brasília, DF: MS, 2020. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/centrais-de-conteudo/publicacoes/publicacoes- svs/vigitel/relatorio-vigitel-2020-original.pdf/view. Acesso em: 27 fev. 2022.


2. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA PARA O ESTUDO DA OBESIDADE E DA SÍNDROME METABÓLICA. Diretrizes brasileiras de obesidade. 4. ed. São Paulo: ABESO, 2016.


3. Pesquisa nacional de saúde : 2019 : atenção primária à saúde e informações antropométricas : Brasil / IBGE, Coordenação de Trabalho e Rendimento. - Rio de Janeiro : IBGE, 2020.


4. GBD 2015 Obesity Collaborators, Afshin A, Forouzanfar MH, et al. Health Effects of Overweight and Obesity in 195 Countries over 25 Years. N Engl J Med 2017; 377:13.


5. Chopra S, Lai M. Management of nonalcoholic fatty liver disease in adults. Up to Date 2020. Disponível em: <http://www.uptodate.com/online>. Acesso em: 19/02/2021.


6. Perreault L. Obesity in adults: Prevalence, screening, and evaluation. Up to Date 2021. Disponível em: <http://www.uptodate.com/online>. Acesso em: 27/02/2022.


7. Perreault L, Apovian C. Obesity in adults: Overview of management. Up to Date 2021. Disponível em: <http://www.uptodate.com/online>. Acesso em: 27/02/2022.


8. Perreault L, Laferrère B. Overweight and obesity in adults: Health consequences. Up to Date 2020. Disponível em: <http://www.uptodate.com/online>. Acesso em: 27/02/2022.



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